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Simone Biles: o imediatismo digital e a corrosão do tempo

Em um mundo dominado pela gratificação instantânea e o fluxo incessante de notícias e atualizações, a era digital está remodelando não apenas nossos hábitos, mas também nossa fisiologia cerebral

Simone Biles: o imediatismo digital e a corrosão do tempo Crédito: Reprodução/Divulgação/MF Press Global

Este fenômeno foi recentemente destacado na entrevista apressada da ginasta olímpica Simone Biles, que, após conquistar uma medalha, foi imediatamente questionada sobre seus planos futuros, sem ter a chance de absorver e celebrar seu momento atual.

Dr. Fabiano de Abreu Agrela, Pós PhD em Neurociências e membro da prestigiada Sigma Xi, comenta sobre como o consumo incessante de informações digitais está impactando profundamente nosso sistema nervoso. "O consumo constante de informações rápidas e superficiais resulta em um ciclo vicioso que eleva a liberação de dopamina, noradrenalina e adrenalina, enquanto a serotonina, que promove o bem-estar, tem sua produção reduzida," explica Dr. Agrela.

Estudos de neuroimagem indicam que essa exposição contínua a estímulos digitais provoca alterações significativas em áreas cruciais do cérebro. "Observamos uma atividade reduzida no córtex pré-frontal, um centro vital para planejamento, atenção, percepção, processamento de informações relevantes e regulação emocional, e alterações na atividade do hipocampo, essencial para a formação de memórias," detalha o Dr. Agrela.

A entrevista com Simone Biles exemplifica esse imediatismo. Ela criticou a pressão constante para pensar adiante, destacando como isso pode afetar a capacidade de viver e apreciar o presente. "É essencial ter o momento para absorver as conquistas antes de ser empurrado para o próximo desafio," afirmou Biles.

Dr. Agrela, pioneiro em estudos sobre os efeitos da internet no cérebro, também ressalta que "o uso inadequado das redes sociais pode deixar as pessoas menos inteligentes, devido à falta de profundidade na absorção e reflexão sobre a informação consumida."

Para mitigar esses efeitos, o Dr. Agrela sugere uma abordagem mais equilibrada no uso da tecnologia. "Desconectar-se periodicamente e engajar-se em atividades que promovam conexões humanas reais e bem-estar mental são passos cruciais para preservar nossa saúde cerebral e qualidade de vida em longo prazo," recomenda.

À medida que avançamos na era digital, torna-se crucial reavaliar nossa relação com a tecnologia e o tempo. As descobertas do Dr. Agrela oferecem um caminho para entender e, esperançosamente, corrigir as trajetórias que moldam nossas mentes e nossos futuros.

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