OMS declara emergência de saúde global devido a surto de mpox na África

A decisão foi motivada pelo surgimento de uma cepa mais letal, o clado Ib, que atingiu quatro províncias africanas anteriormente não afetadas. Essa cepa já havia sido contida na República Democrática do Congo (RDC).

O comitê de emergência da OMS, formado por especialistas independentes, reuniu-se virtualmente para avaliar a situação e aconselhar o Diretor-Geral, Tedros Adhanom Ghebreyesus, sobre a severidade do surto. Após a consulta, foi decidido declarar uma emergência de saúde pública de preocupação internacional (ESPII), o mais alto nível de alerta no direito internacional de saúde. Essa medida é reservada para eventos extraordinários que representam um risco à saúde pública além das fronteiras nacionais, exigindo uma resposta coordenada global.

Os Centros Africanos de Controle e Prevenção de Doenças já haviam classificado o surto como uma emergência de saúde pública continental um dia antes. Desde o início do ano, mais de 17.000 casos e mais de 500 mortes foram reportados em 13 países africanos, sendo que a RDC registra mais de 14.000 casos, representando 96% dos casos confirmados apenas neste mês.

Conhecida anteriormente como varíola dos macacos, a mpox é uma doença viral que se propaga facilmente entre pessoas e animais infectados, principalmente através de contato próximo, materiais contaminados e relações sexuais. Os sintomas incluem febre, erupções cutâneas dolorosas, dor de cabeça, dores musculares, fadiga e inchaço dos linfonodos.

Tradicionalmente detectada na África Central e Ocidental, a mpox começou a se espalhar pela Europa e América do Norte em 2022. A OMS já havia declarado uma emergência de saúde global por conta da mpox em julho de 2022, mas a retirou em maio de 2023. A disseminação rápida do clado Ib no leste da RDC e em países vizinhos levantou preocupações sobre sua possível expansão global.

Em resposta, a OMS iniciou o processo de Lista de Uso de Emergência para vacinas contra mpox e elaborou um plano regional de combate ao surto, com um orçamento de 15 milhões de dólares. Até agora, 1,45 milhão de dólares foram liberados do Fundo de Contingência para Emergências da OMS. Tedros ressaltou a necessidade de cooperação internacional para conter a doença e proteger a saúde pública em escala global.