SAÚDE

Amazônia em chamas e os impactos na saúde

Altas temperaturas, baixa umidade do ar e os incêndios que ameaçam a maior floresta tropical do mundo podem trazer riscos severos e silenciosos à saúde


 

Amazônia em chamas e os impactos na saúde Crédito: Banco de imagens

O Dia da Amazônia, celebrado em 5 de setembro, assume novos significados a cada ano. Enquanto a região enfrenta uma das piores secas em décadas, incêndios devastadores se proliferam, ameaçando não apenas a biodiversidade, mas a saúde das pessoas e animais. 

E na semana de comemoração sobre a importância da preservação da maior floresta tropical do mundo, grande parte do Brasil está em alerta laranja ou vermelho devido à baixa umidade do ar. A medição, feita pelo Instituto Nacional de Meteorologia (Inmet), indica que a variação pode chegar entre 20% e 12%, sendo que o recomendado pela Organização Mundial de Saúde (OMS) está entre 20% e 30%. 

A combinação de baixa umidade do ar, fumaça intensa provocada por queimadas e altos índices de poluição cria um cenário perfeito para o agravamento de doenças respiratórias, como asma e bronquite, além de outros riscos mais silenciosos. “A estação do inverno, que é geralmente mais seca, já é propícia para aumentar os cuidados com o sistema respiratório. No entanto, vivemos hoje um ambiente com níveis de poluição e queimadas preocupantes, que precisamos dar atenção máxima à saúde além das vias aéreas, como a importância da hidratação, dos cuidados com a pele e das questões cardiovasculares”, explica o Dr. Alexandre Calandrini, Coordenador e Médico de Família do time de Saúde na Sami.

Para o especialista, calor, secura e poluição podem desenvolver doenças um pouco mais silenciosas, mas que necessitam de tratamento rápido e contínuo. “As mudanças climáticas estão intensificando alguns riscos à saúde humana. Baixa umidade do ar pode causar ressecamento das vias respiratórias. Altas temperaturas exigem mais atenção com a hidratação e à pele por conta da exposição aos raios solares. As queimadas podem agravar o trato respiratório além da ingestão de substâncias tóxicas. Sem contar que alguns poluentes podem aumentar o risco de distúrbios cardiovasculares, gerando ataques cardíacos ou derrames”, explica o especialista. 

A importância da Atenção Primária à Saúde (APS) para prevenção e tratamento certo, na hora certa, são fundamentais nestas situações onde toda a população de uma mesma comunidade está sofrendo com os impactos. “Quando se tem um contexto histórico do paciente, conseguimos prevenir e tratar sintomas de forma precisa. Hoje, os reflexos do que acontece com o meio ambiente pode afetar drasticamente a nossa saúde, principalmente de quem já precisa de cuidados especiais. Não se pode negligenciar a atenção primária, em especial para grupos vulneráveis como crianças, idosos e pessoas com condições médicas pré-existentes”, completa Calandrini. 

Ainda de acordo com o Inmet, ao longo de toda a semana de comemoração ao Dia da Amazônia, as áreas mais afetadas pela baixa umidade incluem o centro e leste de Goiás, Alto Paranaíba, centro-sul de Mato Grosso, diversas regiões de Minas Gerais, incluindo o Triângulo Mineiro, além de partes de Mato Grosso do Sul, São Paulo e o Distrito Federal. Nessas localidades, a umidade do ar pode atingir níveis críticos, aumentando os riscos de queimadas. Além de consultar um médico com frequência e estar em dia com exames de rotina, é importante tomar algumas precauções. O Médico de Família do time de Saúde na Sami reforça os cuidados essenciais para semanas como esta:

Hidratação adequada:

  • Beber água regularmente, mesmo se não sentir sede. A hidratação ajuda a manter a temperatura corporal e a evitar a desidratação;
  • Evitar bebidas alcoólicas e cafeinadas porque podem aumentar a desidratação e devem ser consumidas com moderação.

Proteção contra o calor:

  • Evitar exposição ao sol entre às 10h e às 16h. Se for necessário sair, use chapéus, roupas leves, de cores claras, e protetor solar;
  • Dê preferência por ambientes frescos e bem ventilados;
  • Tomar banhos frios pode ajudar a baixar a temperatura corporal.

Cuidados com as vias respiratórias:

  • Se sua região é alvo de queimadas florestais, use máscaras do tipo N95 ou PFF2 para filtrar as partículas finas e evitar a inalação de fumaça e outros poluentes;
  • Mantenha os ambientes úmidos com umidificadores de ar. Ou utilize recipientes com água nos cômodos para melhorar a umidade do ar dentro de casa. Evite o uso excessivo de ventiladores, que podem ressecar ainda mais o ambiente;
  • Faça lavagens nasais com soro fisiológico para aliviar a irritação das vias respiratórias;

Alimentação:

  • Consuma alimentos leves e de fácil digestão, como frutas, verduras e legumes, que também ajudam na hidratação.
  • Evite comidas pesadas com alimentos gordurosos, que podem dificultar a digestão e aumentar o desconforto em dias quentes.

Monitoramento da saúde:

  • Fique atento aos sinais de desidratação: boca seca, dor de cabeça, tontura e urina escura indicam desidratação e exigem atenção imediata;
  • Procure assistência médica se houver dificuldades respiratórias, palpitações, desmaios ou outros sintomas graves.

Atividade física:

  • Evite esforço físico intenso. Atividades físicas extenuantes durante os períodos de maior calor e baixa umidade devem ser evitadas. Se for se exercitar, faça isso em horários mais frescos, como de manhã ou no final da tarde.

Prevenção de problemas cardiovasculares:

  • Evite estresse térmico. Pessoas com condições cardíacas devem ter cuidado redobrado, evitando exposição ao calor e desidratação, que podem sobrecarregar o sistema cardiovascular.

Acompanhamento de qualidade do ar:

  • Acompanhe os boletins meteorológicos e índices de qualidade do ar. Sabendo disso, evite sair de casa quando os níveis de poluição estiverem altos, especialmente se você pertence a grupos de risco.

Orientações específicas para crianças e idosos: são os mais vulneráveis a altas temperaturas e baixa umidade, então devem ser hidratados com mais frequência e monitorados quanto a sinais de desidratação ou insolação.

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