Um estudo publicado na revista Sport Medicine Open mostrou que praticar esportes durante a infância e a adolescência traz benefícios permanentes ao coração, mesmo que a pessoa não pratique mais na vida adulta.
Conduzida por pesquisadores da Universidade Estadual Paulista (UNESP), a pesquisa apontou que a prática de exercício físico quando jovem é importante para o controle da frequência cardíaca pelo sistema nervoso, que funciona como um importante marcador de risco cardiovascular e de mortalidade.
“Praticar exercícios físicos durante a infância e a adolescência oferece uma gama de benefícios significativos para a saúde, que podem se estender por toda a vida, como fortalecimento dos músculos e dos ossos. Embora a criança ainda não se desenvolva muito em termos de aumento das fibras musculares, o fortalecimento ocorre através do aprimoramento das conexões neuromusculares. Isso significa que o sistema nervoso se torna mais eficiente em recrutar fibras musculares para gerar força. Além disso, esse hábito ajuda a melhorar a coordenação entre o sistema nervoso e os músculos. Isso leva a uma execução mais eficiente dos movimentos e uma maior capacidade de realizar atividades complexas, que se estendem por toda vida. As crianças e adolescentes também se recuperam mais rápido e possuem maior capacidade de regeneração tecidual em casos de lesões”, detalha a Dra Flávia Magalhães, médica que trabalha com esporte há mais de 20 anos.
O fisioterapeuta esportivo associado à SONAFE Brasil (Sociedade Nacional de Fisioterapia Esportiva e da Atividade Física), Gabriel Mendes, corrobora com a opinião da médica e explica que a prática esportiva na infância e na adolescência, quando planejada e orientada de acordo com as peculiaridades e objetivos, promove ganhos tanto na esfera física quanto nos âmbitos psicológicos e sociais.
“De maneira geral, no que diz respeito ao corpo, a prática esportiva regular contribui para o crescimento dos ossos e músculos que estão em formação, para o desenvolvimento da força e resistência muscular, para a melhora do repertório motor e para o amadurecimento do sistema cognitivo. Além disso, pode contribuir significativamente para a diminuição da prevalência da obesidade e outras doenças crônicas, como a hipertensão arterial infanto-juvenil”, comenta o especialista.
De acordo com os profissionais, se exercitar de forma regular pode diminuir os riscos de fraturas ósseas e impedir o surgimento de problemas que estão afetando cada vez mais a população mais jovem, como a ansiedade e a depressão.
“O exercício físico, especialmente os que envolvem impactos e resistência, estimulam a formação de novo tecido ósseo. O impacto e a resistência do exercício (estresse mecânico) ajudam a aumentar a densidade mineral óssea, tornando os ossos mais densos e fortes para suportar a carga. O osso mais resistente leva a um menor risco de fraturas. A prática regular de atividade física também está associada à redução dos sintomas de ansiedade e depressão em crianças e adolescentes. Ela auxilia na melhora da autoestima e os fazem aprender habilidades sociais”, acrescenta a médica Flávia Magalhães.
Além da prática profissional, a sociedade também busca se exercitar de inúmeras maneiras e em vários lugares, como praças, ginásios e clubes.
“No Brasil, os clubes se tornaram um dos principais locais que as pessoas procuram para um momento de lazer, alinhado à prática esportiva. Essas mesmas organizações fornecem aulas e formam atletas, ensinando a importância e os valores do esporte para a saúde e para a vida”, complementa Paulo Maciel, presidente do Comitê Brasileiro de Clubes (CBC), que atua com mais de 700 instituições em todos os estados do país, contribuindo diretamente para a formação de atletas olímpicos.
Segundo Victor Schildt, diretor da Recoma, uma empresa especializada em pisos, infraestruturas e construções esportivas, a prática de atividades é fundamental para o desenvolvimento da sociedade: “Além dos evidentes benefícios para a saúde e para a qualidade de vida, os investimentos em centros esportivos se destacam como ferramentas para impulsionar políticas públicas que abrangem desde a segurança e educação, até o entretenimento, cultura e impactos econômicos positivos. Esses recursos geram empregos, e estimulam o consumo em toda a cadeia de produtos e serviços relacionados”.
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