Este artigo aborda a fisiopatologia, diagnóstico e tratamento dessas condições no contexto da Medicina do Esporte, com ênfase na condromalácia patelar, discutindo estratégias de prevenção e intervenções terapêuticas. A relevância de um manejo multidisciplinar é destacada, visando o retorno ao esporte e a manutenção do desempenho atlético.
1. Introdução
As condropatias patelares referem-se a um grupo de doenças que afetam a cartilagem articular da patela, sendo uma das principais causas de dor anterior no joelho em atletas. A condromalácia patelar, a forma mais comum, caracteriza-se pelo amolecimento e desgaste da cartilagem, podendo evoluir para uma degeneração progressiva. A prática de esportes que envolvem repetidos movimentos de flexão e extensão do joelho, como corrida e ciclismo, é um fator predisponente importante (MARTIN et al., 2017). Assim, o reconhecimento precoce e o tratamento adequado dessas lesões são essenciais para minimizar o impacto no desempenho esportivo e prevenir complicações a longo prazo.
2. Fisiopatologia
A cartilagem articular da patela possui propriedades elásticas que permitem a absorção de forças durante a movimentação do joelho. Nas condropatias patelares, ocorre a degradação dessas propriedades, o que leva a uma sobrecarga mecânica e subsequente inflamação. A etiologia é multifatorial, envolvendo fatores biomecânicos, anatômicos e neuromusculares. Alterações no alinhamento patelar, como o aumento do ângulo Q, podem contribuir para o desenvolvimento de condromalácia patelar, aumentando a pressão exercida sobre a cartilagem (VAN GOGH et al., 2018).
2.1. Condromalácia Patelar
A condromalácia patelar é a forma mais prevalente de condropatia patelar, caracterizada pelo amolecimento, fragmentação e eventual degeneração da cartilagem articular da patela. Clinicamente, manifesta-se como dor difusa na região anterior do joelho, frequentemente exacerbada por atividades que envolvem flexão prolongada, como subir escadas, agachar e correr (DEJOUR et al., 2017). Sua fisiopatologia está relacionada ao desequilíbrio entre as forças aplicadas sobre a articulação femoropatelar e a capacidade da cartilagem em absorvê-las, levando a um desgaste progressivo.
O diagnóstico da condromalácia é principalmente clínico, mas pode ser confirmado por métodos de imagem, como a ressonância magnética, que evidencia o grau de comprometimento cartilaginoso. A classificação de Outerbridge é amplamente utilizada para estratificar a gravidade, variando de alterações superficiais até fissuras profundas com exposição do osso subcondral (OUTERBRIDGE, 1961).
O tratamento conservador é a abordagem inicial, com foco no fortalecimento do vasto medial oblíquo, alongamento muscular e correção biomecânica (FELLER et al., 2019). Em casos refratários, intervenções cirúrgicas como a condroplastia e realinhamento patelar podem ser indicadas, especialmente em atletas de alta demanda.
3. Diagnóstico
O diagnóstico das condropatias patelares baseia-se na anamnese, exame físico e exames de imagem. Clinicamente, o paciente apresenta dor anterior no joelho, piorando com atividades como subir escadas, agachar ou permanecer sentado por longos períodos. O teste de compressão patelar e o sinal de Clarke são frequentemente positivos. A ressonância magnética é o exame de escolha, sendo capaz de identificar alterações na espessura e consistência da cartilagem, além de avaliar a presença de outras lesões intra-articulares (SMITH et al., 2019).
4. Tratamento
O tratamento das condropatias patelares em atletas varia de acordo com a gravidade da lesão. Em casos leves a moderados, o manejo conservador é preferido, envolvendo fisioterapia, modificação das atividades esportivas e uso de medicamentos anti-inflamatórios não esteroidais (AINE et al., 2020). A reabilitação inclui exercícios de fortalecimento do quadríceps, especialmente do vasto medial oblíquo, e alongamentos para o complexo posterior da coxa. O uso de órteses para correção do alinhamento patelar também pode ser indicado.
Nos casos graves ou refratários ao tratamento conservador, a intervenção cirúrgica pode ser necessária. Técnicas como a artroscopia para remoção de fragmentos de cartilagem soltos ou a realinhamento patelar são opções viáveis, especialmente em atletas de alto rendimento que necessitam de um retorno rápido e seguro ao esporte (LEE et al., 2021).
5. Prevenção
A prevenção das condropatias patelares em atletas envolve uma abordagem multifatorial, focada no fortalecimento muscular, no alongamento adequado e na correção de fatores biomecânicos que possam sobrecarregar a articulação do joelho. Programas de treinamento que incluam exercícios de propriocepção, equilíbrio e estabilização podem reduzir a incidência dessas lesões (SILVA et al., 2022). Além disso, a orientação sobre a escolha de calçados adequados e o ajuste da técnica esportiva desempenham um papel importante na prevenção de condropatias.
6. Considerações Finais
As condropatias patelares são lesões comuns entre atletas, e seu manejo eficaz é fundamental para garantir o retorno seguro ao esporte e a preservação da função articular a longo prazo. O tratamento conservador continua sendo a primeira linha de intervenção, embora a cirurgia seja uma opção em casos mais graves. A prevenção, por meio do fortalecimento muscular e da correção biomecânica, é essencial para minimizar o risco de recorrência.
Comentários