PALAVRA DO ESPECIALISTA

Artigo - Hipertensão arterial sistêmica na prática clínica e esportiva

A hipertensão arterial sistêmica (HAS) é um quadro crônico que se caracteriza por níveis elevados de pressão arterial, contribuindo significativamente para a morbidade e mortalidade cardiovascular

Hipertensão arterial sistêmica na prática clínica e esportiva Crédito: Banco de imagens

Este artigo tem como objetivo discutir a epidemiologia, a fisiopatologia, as implicações clínicas e as considerações na prática esportiva da hipertensão arterial, além de destacar a importância do manejo adequado para a promoção da saúde e do desempenho atlético.

1. Introdução

A hipertensão arterial sistêmica (HAS) é uma das condições crônicas mais prevalentes na população mundial, afetando aproximadamente 1,13 bilhões de pessoas, conforme dados da Organização Mundial da Saúde (OMS) (WHO, 2021). Caracterizada por pressão arterial sistólica (PAS) ≥ 130 mmHg ou pressão arterial diastólica (PAD) ≥ 80 mmHg, a HAS é um fator de risco significativo para doenças cardiovasculares, acidente vascular cerebral (AVC), insuficiência renal e outras complicações (Mancia et al., 2013). O presente artigo abordará a importância da detecção precoce e do manejo adequado da hipertensão arterial, bem como as suas implicações na prática clínica e esportiva.

2. Epidemiologia da Hipertensão Arterial

A prevalência da hipertensão arterial aumenta com a idade e é influenciada por fatores genéticos, comportamentais e ambientais. Estudos demonstram que a prevalência global de hipertensão em adultos é de cerca de 30% a 45%, sendo mais alta em países em desenvolvimento devido a estilos de vida sedentários e dietas inadequadas (Kearney et al., 2005). Na população brasileira, a prevalência varia entre 20% a 50%, dependendo da região e da faixa etária (Malachias et al., 2016).

3. Fisiopatologia da Hipertensão Arterial

A HAS resulta de uma complexa interação entre fatores genéticos, neuro-hormonais e ambientais. O aumento da resistência vascular periférica, frequentemente associado à disfunção endotelial, contribui para a elevação da pressão arterial. Além disso, a ativação do sistema renina-angiotensina-aldosterona (SRAA) desempenha um papel crucial na regulação da pressão arterial (Böhm et al., 2019). As alterações na estrutura vascular e a hipertrofia cardíaca são consequências comuns da hipertensão não tratada, levando a complicações cardiovasculares a longo prazo.

4. Implicações Clínicas da Hipertensão Arterial

A HAS é um fator de risco modificável para várias condições clínicas, incluindo infarto do miocárdio, insuficiência cardíaca e AVC. O diagnóstico precoce e o tratamento eficaz são fundamentais para a redução da morbidade e mortalidade associadas. As diretrizes da Sociedade Brasileira de Cardiologia (SBC) recomendam intervenções que incluem mudanças no estilo de vida, como dieta hipossódica, aumento da atividade física e, quando necessário, o uso de medicamentos anti-hipertensivos (Malachias et al., 2016).

5. Hipertensão Arterial na Prática Esportiva

O exercício físico regular é uma estratégia eficaz para o controle da hipertensão, com estudos mostrando que a prática de atividades aeróbicas pode reduzir a pressão arterial em 5 a 10 mmHg (Cornelissen & Smart, 2013). No entanto, a hipertensão não controlada pode limitar a capacidade de um indivíduo para participar de atividades físicas e aumentar o risco de eventos adversos durante o exercício.

5.1. Considerações para Atletas Hipertensos

Os atletas hipertensos devem ser monitorados de perto, considerando a intensidade e a duração do exercício. A prática de exercícios deve ser individualizada, com ênfase em atividades de baixo impacto e em um ambiente controlado. A adesão ao tratamento farmacológico e a monitorização regular da pressão arterial são essenciais para a segurança do atleta.

6. Conclusão

A hipertensão arterial sistêmica representa um desafio significativo na prática clínica e esportiva. A identificação precoce, o manejo adequado e a promoção de um estilo de vida saudável são fundamentais para a prevenção de complicações cardiovasculares. O exercício físico, quando bem orientado, pode ser uma ferramenta poderosa no controle da hipertensão, melhorando a qualidade de vida dos indivíduos afetados.

Referências

1. Böhm, M., Re RN, et al. (2019). Hypertension and the Heart. European Heart Journal, 40(23), 1865-1872.

2. Cornelissen, V. A., & Smart, N. A. (2013). Exercise training for blood pressure: a systematic review and meta-analysis. Journal of the American Heart Association, 2(1), e004473.

3. Kearney, P. M., Whelton, M., Reynolds, K., et al. (2005). Global burden of hypertension: analysis of worldwide data. Lancet, 365(9455), 217-223.

Dr. Edson Carlos Z. Rosa

Cirurgião, Fisiologista e Pesquisador em Ciências Médicas, Cirúrgicas e do Esporte

Diretor do Instituto de Medicina e Fisiologia do Esporte e Exercício (Metaboclinic Institute), Diretor Executivo do Centro Nacional de Ciências Cirúrgicas e Medicina Sistêmica (Cenccimes) / Diretor Executivo da União Brasileira de Médicos-Biocientistas (Unimédica) /  Presidente e Fundador da Ordem Nacional dos Cirurgiões Faciais (ONACIFA), Presidente e Fundador da Sociedade Brasileira de Medicina Humana (SOBRAMEH) e Ordem dos Doutores de Medicina do Brasil - ODMB, Doutor em Ciências Médicas e Cirúrgicas (h.c),

Pós-graduado em Clínica Medica - Medicina interna, Medicina e Fisiologia do Esporte/Exercício, Nutrologia e Nutromedicina, Fisiologia Humana Geral aplicada às Ciências da Saúde.

Escritor e Autor de Diversos Artigos na área de Medicina Geral, Medicina e Endocrinologia do Esporte, Cirurgia de Cabeça e Pescoço, Neurociência e Comportamento Humano.

Fundador-Gestor do e-Comitê Mundial de Médicos do Desporto e Exercício (Official World Group of Sports And Exercise Physicians), Fundador-Gestor Internacional de Cirurgiões Craniomaxilofaciais (The Official World Group of Craniomaxilofaciais Surgeons).

Comentários