SAÚDE

Outubro Rosa: como o estresse influencia no tratamento de doenças como o câncer de mama

Psicólogo reforça quatro práticas de autocuidado que ajudam na regulação do estresse


 

Outubro Rosa: como o estresse influencia no tratamento de doenças como o câncer de mama? Crédito: Banco de imagens

O Outubro Rosa ganha cada vez mais força na sociedade ao se tornar um marco da conscientização sobre prevenção e diagnóstico precoce do câncer de mama. No entanto, além da importância das consultas médicas, do autoexame e dos demais exames de controle, é essencial falar sobre o impacto do estresse no sistema nervoso no tratamento da doença. Segundo pesquisas na área da neurociência, níveis altos de estresse também estão associados ao aumento do risco de doenças cardiovasculares e à supressão do sistema imunológico, o que pode comprometer a recuperação de pacientes em tratamento de câncer, além de aumentar a vulnerabilidade ao próprio desenvolvimento da doença.

Segundo o psicólogo Richard Avila, que é mestre em Ciências da Saúde e é o fundador do Espaço Terapêutico Nosco, de Porto Alegre, embora o estresse por si só não cause câncer de mama, ele pode influenciar na progressão da doença. “Estudos apontam que o estresse crônico pode afetar negativamente o sistema imunológico e o microambiente tumoral, dificultando o combate às células cancerígenas pelo organismo. Além disso, mulheres que enfrentam o tratamento do câncer de mama muitas vezes precisam lidar com o impacto psicológico da doença, o que pode exacerbar o estresse e comprometer a qualidade de vida”, detalha o profissional.

Algumas medidas básicas de autocuidado podem desempenhar um papel vital na prevenção e gestão do estresse, principalmente durante o tratamento de condições de saúde complexas, como o câncer de mama. Práticas de autocuidado não apenas ajudam a reduzir os níveis de estresse, mas também promovem uma melhor regulação do sistema nervoso.

Quatro práticas de autocuidado que ajudam na regulação do stress:

 1. Terapias Cognitivo-Comportamentais (TCC)

A terapia TCC é uma abordagem amplamente usada no manejo do estresse e da ansiedade, de acordo com o psicólogo Richard. A TCC ajuda as pessoas a identificar pensamentos disfuncionais e a desenvolver respostas mais saudáveis a situações de estresse. Através dessa terapia, mulheres diagnosticadas com câncer de mama podem encontrar maneiras de lidar com o medo e a incerteza associados à doença, aumentando seu bem-estar emocional.

2. Mindfulness e Meditação

Estudos mostram que a prática de mindfulness pode reduzir significativamente os níveis de cortisol e ajudar na regulação emocional. Mulheres que praticam meditação regularmente relatam uma maior sensação de controle e bem-estar, além de menor reatividade ao estresse. Essas práticas são eficazes para acalmar a mente, proporcionando alívio tanto emocional quanto físico, o que é crucial durante a recuperação do câncer.

3. Exercício Físico Regular

Atividade física é uma das formas mais eficazes de combater o estresse. O exercício regular estimula a liberação de endorfinas, que são neurotransmissores responsáveis pela sensação de bem-estar. Além disso, o exercício físico contribui para o fortalecimento do sistema imunológico e para a melhoria da saúde cardiovascular, ambos fatores importantes no combate ao câncer.

4. Suporte Social

Manter uma rede de apoio social forte é fundamental para a saúde mental e emocional. Grupos de apoio, amigos e familiares podem oferecer suporte prático e emocional, ajudando a reduzir os níveis de estresse e promovendo um sentimento de pertencimento. Pessoas com apoio social consistente tendem a ter uma melhor qualidade de vida durante o tratamento de doenças crônicas, como o câncer de mama.

O emocional das pacientes pode impactar no tratamento da doença?

Outra área da neurociência aplicada ao câncer de mama envolve o papel das expectativas no tratamento. Segundo Richard Ávila, o conceito de “efeito placebo”, em que a expectativa de melhora pode induzir uma resposta positiva no corpo, é bem documentado. Por outro lado, o efeito nocebo, onde as expectativas negativas resultam em piora dos sintomas, também é uma realidade.

Estudos de neuroimagem mostraram que as expectativas podem modificar a atividade cerebral, afetando diretamente como o corpo responde ao tratamento. “Pacientes que acreditam na eficácia do tratamento tendem a experimentar menos dor e menor percepção de estresse, devido à ativação de áreas cerebrais associadas à recompensa e à redução da percepção de ameaça. Isso significa que, ao abordar o câncer de mama, a maneira como pensamos e nossas expectativas em relação ao tratamento podem sim desempenhar um papel importante na nossa resposta emocional e física”, resume o psicólogo.

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