Medicina do esporte x cirurgia: tempo de retorno aos treinos de musculação após procedimentos cirúrgicos

A individualização do planejamento é enfatizada como chave para garantir uma reabilitação segura, minimizando complicações e otimizando o desempenho físico pós-operatório.

O retorno à musculação após cirurgias é uma preocupação frequente para praticantes regulares. A pressão por retomar o treinamento deve ser equilibrada com a necessidade de preservar os resultados cirúrgicos e evitar complicações, como deiscência de suturas, infecções e inflamação crônica. Este artigo foca nos fatores que determinam o tempo adequado de retorno aos treinos resistidos, com orientações baseadas em evidências.

2. Tipos de Cirurgia e Seus Impactos nos Treinos

O tempo de retorno depende da complexidade e da localização do procedimento:

• Cirurgias Abdominais: Exigem maior cautela devido ao envolvimento da parede abdominal, com retorno geralmente em 8 a 12 semanas.

• Cirurgias Ortopédicas: Variam amplamente, dependendo da articulação ou estrutura envolvida. O retorno pode ocorrer entre 6 semanas (procedimentos menores) e 6 meses (reconstruções maiores, como ligamento cruzado anterior).

• Cirurgias Cardiovasculares: Retorno gradual, iniciando com exercícios leves após 8 semanas, com supervisão rigorosa.

3. Fases do Retorno à Musculação

3.1. Fase Inicial (1ª a 4ª semana pós-cirurgia)

• Foco em mobilidade leve e manutenção da circulação.

• Exclusão total de atividades resistidas.

3.2. Fase de Transição (4ª a 8ª semana)

• Introdução gradual de exercícios com peso corporal, respeitando as limitações individuais.

• Priorização de exercícios isométricos e de baixa intensidade.

3.3. Fase Avançada (8ª semana em diante)

• Incremento progressivo na carga e no volume de treino, evitando sobrecarga em regiões operadas.

• Monitoramento contínuo para sinais de dor, edema ou inflamação.

4. Importância da Individualização

O tempo de retorno varia com fatores como idade, estado físico pré-operatório e resposta biológica à cirurgia. Avaliações periódicas com o médico do esporte e o fisioterapeuta são fundamentais para ajustar a progressão do treino.

5. Conclusão

O retorno à musculação após cirurgias requer planejamento e paciência. Respeitar os tempos biológicos de cicatrização e recuperação tecidual é essencial para prevenir complicações e garantir resultados duradouros. A orientação por profissionais de saúde capacitados é imprescindível para um retorno seguro e eficaz.

Referências

1. AMERICAN COLLEGE OF SPORTS MEDICINE (ACSM). Exercise Management for Persons with Chronic Diseases and Disabilities. 4ª ed. Human Kinetics, 2022.

2. BASSI, D.; FERNANDES, R. A. Atividade Física e Reabilitação Funcional. São Paulo: Phorte, 2020.

3. HOFFMAN, J. R. Physiological Aspects of Sport Training and Performance. 3ª ed. Human Kinetics, 2020.