SAÚDE

Lady Gaga: entenda o que é a fibromialgia, doença que levou cantora a cancelar show no Brasil em 2017

A fibromialgia é uma doença especialmente comum entre mulheres que é caracterizada pela sensação de dor generalizada no corpo, com sérios prejuízos à qualidade de vida, convívio social e desempenho profissional dos pacientes

Lady Gaga: entenda o que é a fibromialgia, doença que levou cantora a cancelar show no Brasil em 2017 Crédito: Reprodução/Instagram/@ladygaga/@juliandakdouk

Como já previsto, o show da Lady Gaga no Rio de Janeiro foi confirmado. Intitulado “Lady Gaga Todo Mundo no Rio”, a grande apresentação em Copacabana acontecerá no dia 03 de maio e já começa a mobilizar fãs do Brasil e diversos outros países da América Latina. O interesse é ainda maior dado o fato de a cantora ter cancelado sua última apresentação no país, que deveria ter acontecido em 2017 durante o Rock In Rio. O cancelamento se deu devido a fortes dores com as quais Lady Gaga convive causadas por uma condição conhecida como fibromialgia, que também afeta cerca de 3% dos brasileiros, especialmente mulheres entre 30 e 50 anos. “A fibromialgia é uma doença crônica e sem causa conhecida caracterizada principalmente por uma sensação de dor generalizada no corpo, em que, muitas vezes, o paciente não consegue apontar sua origem. Além disso, também provoca uma maior sensibilidade ao toque e pode ser acompanhada de outros sintomas, como fadiga e alterações no sono, que deixa de ser reparador”, explica o Dr. Fernando Jorge, médico ortopedista, especialista em Intervenção em Dor (Hospital Albert Einstein) e em Medicina Intervencionista em Dor (Faculdade de Medicina da USP).

Devido às dores e ao cansaço, o paciente com fibromialgia pode sofrer prejuízos severos na qualidade de vida, inclusive com alterações na memória e na concentração, prejudicando a realização de tarefas diárias e até o desempenho profissional. “A doença também pode prejudicar o convivio social e interferir nos relacionamentos. Isso sem falar da grande incerteza e vulnerabilidade que o paciente com fibromialgia sente, afinal, trata-se de uma doença crônica, cuja causa não é conhecida e sem cura. Todos esses fatores, somados à incapacitação provocada pela doença, podem favorecer quadros de ansiedade e depressão. Estima-se que cerca de 50% dos pacientes com fibromialgia têm sintomas depressivos. E a grande questão é que a depressão pode piorar a sensibilidade à dor, gerando assim um ciclo vicioso”, alerta o especialista.

E, segundo o Dr. Fernando Jorge, a fibromialgia é desacreditada por muitas pessoas, o que pode prejudicar a saúde psicológica do paciente e até atrasar o diagnóstico. “Na fibromialgia não há qualquer lesão, inflamação ou degeneração dos tecidos. Na verdade, o que acontece é uma amplificação dos impulsos dolorosos. E não existem exames específicos que possam comprovar essa alteração. Além disso, as reações do paciente são muito diferentes de quadros de dor aguda. Muitas vezes, a pessoa consegue se comunicar bem e parece calma. Mas, atualmente, temos uma série de pesquisas, com visualização do cérebro do paciente com fibromialgia, que comprovam que a dor sentida é real”, detalha o especialista.

Devido à descrença da doença, inclusive por alguns profissionais da saúde, o paciente, muitas vezes, precisa passar por diversos médicos antes de receber o diagnóstico adequado. “O  diagnóstico da doença é essencialmente clínico, com base nos sintomas e histórico do paciente. O que o médico pode solicitar são exames para excluir a possibilidade de outras doenças com características semelhantes a fibromialgia”, pontua o médico, que ressalta que, apesar da fibromialgia não ter cura, a doença pode ser controlada, então o dianóstico é fundamental para melhorar a qualidade de vida do paciente.

Entre as estratégias no controle da doença, o médico cita a prática de atividade física como principal. “A prática de atividade física é, comprovadamente, uma grande aliada na melhora dos sintomas da fibromialgia e, consequentemente, da qualidade de vida de pacientes que sofrem com a doença. Mas a prática deve ser acompanhada pelo profissional especializado”, diz o Dr. Fernando. Além disso, o médico poderá recomendar o uso de medicamentos, como antidepressivos e neuromoduladores para atuar sobre os neutrotransmissores envolvidos na regulação da dor. “Mas mais importante do que as medicações é o cuidado do paciente com seu estilo de vida. Terapias integrativas, incluindo fisioterapia e terapia cognitiva-comportamental, também podem ser recomendadas”, acrescenta.

Por fim, o Dr. Fernando Jorge ressalta que a fibromialgia não é uma doença progressiva. “Embora não cause danos estruturais nas articulações, pode causar dores articulares, o que pode dificultar a realização de tarefas diárias. Mas é importante reforçar que não é fatal”, diz o médico. “Além disso, embora não tenha cura, em muitos casos, os sintomas da doença podem retroceder quase totalmente. Mas ainda trata-se de uma doença sem cura, então novos episódios podem ocorrer dependendo de uma série de gatilhos físicos e emocionais”, finaliza.

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